segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Presença do Ausente

De todas as coisas que eu não fiz,
Mais me arrependo do beijo ausente!
Faltou-me na boca a ternura do toque sereno,
O leve massagear de lábios convergentes.
Um discreto sugar na lisa superfície almejada,
A saciedade do suspiro injetado na gente.

Se faltou-me, na boca, o beijo,
Muito mais os abraços nos braços desertos.
Desguarnecer o próprio peito que se faz aberto,
Conectar-se em laço no enlace fraterno.
Descobrir se encaixam as matérias repelentes,
Compactar-se como prensa fugaz do eterno.

De todas as palavras não ditas
Lamento o silêncio no lugar do “eu te amo”.
Alma que não sussurra sentimentos contidos,
Contidos em sentimentos que juntos desperdiçamos.
Por que o silêncio na amplitude do vazio que separa?
Se juntos inexistem pausas para os sons que pensamos.