quarta-feira, 21 de abril de 2010

Não precisa

Não precisa ser para sempre,
Desde que haja sempre um “para sempre”,
Mesmo que o sempre pare. Repare:
O sempre é sempre de repente
Não porque de repente o sempre se foi
Mas, pelo tanto que o de repente se eternizou...

Não precisa ser sempre lógico.
Duas metades na precisão da balança
Aprecia, o amor, essa estática dança?
Nunca mais, nem nunca menos?
A menos que falte tanto quanto sobra
Matéria que se equivale e coincide pelo avesso.

Não precisa sequer ser inofensivo
Deixe que o amor exponha a dor de ter sentidos
Pelo preço da pele, pelo pêlo, dor que retine
Tímpanos, sinta-nos, toca-nos, tilinte
A sêca que seca, embaça em brasa a retina
Boca que beija, se deixa, insiste, desiste, mastiga.

Não precisa ser preciso. Precisa?
Nada é tão preciso. Se fosse, precisaria tanta poesia?
Fita de medir o tamanho do infinito
Sentimento que existe pelo tanto que sentimos
Deixemo-nos ser como se nada mais existisse
Até que tudo venha a ser em nós preciso.